E então ela se apaixonara novamente. Ele não era lindo, alto, sarado, bem sucedido. Ela se apaixonou pela facilidade com que ele a fazia rir, parecendo querer trazer leveza para a intensidade de seu ser. Ela se apaixonou sem julgamentos, sem expectativas, apaixonou-se pelo sentimento que sentiu ao encontrá-lo. Mas o mesmo vento que o trouxe, inesperado, levou-o. Vento de tormenta, de tempestade, de destruição. Ela viu-se novamente inadequada. Por quê?! 'Você me intimida!' Era seu cabelo azul? Seu jeans rasgado? Seus 8 gatos? Seu trabalho como crítica de arte? Ou seu emprego no Tribunal? Era a cobertura onde morava? Ou o fato de ela ter terminado recentemente com sua namorada? O fato de ela não ter vergonha de seu corpo perfeitamente funcional, sedento e imperfeito? Era por quê ela sabia onde pôr as mãos enquanto o beijava? Por quê ela queria vê-lo e não se escondia disso? Ou por quê as palavras saiam de sua boca sem muito protocolo? Era o fato de ela estar disponível, mas nunca sozinha? Ele se foi, e a deixou se sentindo pequena como uma dose de tequila. Desejosa de caber em seu abraço, pensando em se reduzir, se moldar, se modificar. Ela não o intimidava, não. Ela o queria como fosse: qualidades, defeitos, manias. Era ele quem se sentia intimidado, e com relação a isso não havia nada que ela pudesse fazer: afinal, ela o queria apesar disso. Descobriu assim que ele não era, de fato, alguém por quem devesse ter se apaixonado. É preciso ser leve, mas é preciso ser forte. É preciso ser líquido: flexível, adaptável, mas profundo. 'Água mole e pedra dura tanto bate até que fura', certo?!
Mas um copo apenas não afeta a rocha. E ela permaneceu - forte, destemida, lágrimas nos olhos, esperando pela tsunami que a envolverá, sem destruí-la ou tentar reduzi-la, para que se fundam e se confundam.
quinta-feira, 28 de junho de 2018
A change is gonna come
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Coiso de menino e coisa de menina?
“Coisa de menino é coisa de menina” Estamos em 2018, e o “homão da porra” que a mulherada baba é loiro, alto, bonito e rico. Contudo não é disso que estamos falando ( meu último parceiro era mais baixo que eu, meio careca e gordinho; o anterior magrelo e de óculos – e os quis porque tinham alguma coisa, ainda que só a unha do pé, desse esteriótipo de homão ).
Basicamente ele ganhou o título por fazer tudo o que uma mulher regular faz, ou se espera que faça, além de construir a própria churrasqueira e assassinar a própria comida (odiei essa parte em que ele matou o bichinho de seis meses, mas acho mais digno que pagar alguém para fazer o serviço sujo para você): ele cozinha, cuida da esposa – que também é um espetáculo de lindeza, dos filhos; faz crochet; já se vestiu de Drag Queen sem medinho de gostar, e blá blá blá. Basicamente, ele faz tudo que as gerações anteriores diziam que é errado para um homem. E é aí que quero chegar.
Machistas não terão lugar. Apesar de termos uma aberração como pré candidato a chefia do executivo federal vomitando o contrário, a sociedade informada sabe que isso não funciona mais, e vai funcionar cada vez menos. As mulheres hoje são arrimos de família, e não dependem de homem para nada, ou quase nada... uns beijinhos e uns carinhos fazem bastante bem.
Precisamos parar de ensinar a nossas crianças que existem cores de menino e de menina; atividades de menino de menina – a não ser que essas precisem da utilização do órgão genital, mas daí não é atividade para criança, certo? (Estou plagiando um texto que li há alguns anos, e não recordo a fonte). Chorar é para menino e para menina – pelas razões certas. Se nossos filhos aprenderem que os sentimentos são melhores para fora que para dentro vamos economizar uma nota em terapia, perdoem-me meus amigos psicólogos, e antidepressivos, que se foda a indústria farmacêutica.
Quero que minha filha brinque de carrinho e solte pipa; vista as roupas que quiser, e se sinta representada na embalagem de jogos de raciocínio lógico, e kits médicos. Quero que meus sobrinhos brinquem com bonecas, cozinhas e com meninas. Que saibam que existem mulheres no Rock and Roll além do Axel Rose - Joan Jett, Linda Perry, Doro Pesch só para começar.
Para minha felicidade vejo pais e mães cada dia mais cientes que sexualidade é algo que só deve ser tratado quando houver ‘sexualidade’, até lá a gente está tratando da formação do caráter de uma criança, que não namora, e que não faz a mínima idéia do que é amor romântico, heterossexualidade, homossexualidade e homofobia – gostaria inclusive que passassem pela vida sem precisar perder mais tempo que duas garrafas de vinho falando sobre isso.
O que mais me preocupa é que o preconceito de outrora anda solto por aí, travestido – não poderia perder a chance do trocadilho – de moral e bons costumes da família tradicional (em duas versões: Barro, Costela e População Mundial, ou Maria, Pomba, José e Jesus). E mesmo na família tradicional galera quebra paradigmas: Eva, por exemplo, era herdeira da Sonserina e falava com cobras; ela e Adão se pegaram, e deixaram os filhos se pegarem também, do contrário não teríamos uma galera tão grande nesse planeta hoje (haja períneo para parir os antepassados de mais de 7 bilhões de pessoas); Jesus vagava por aí com 12 caras, transformando água em vinho, andando com puta, trazendo os ‘parça’ do além (tenho certeza que Lázaro tava só em coma alcoólico e que meu mano Jesus deu para ele um caramelo); tocando o terror nos mercadores, e os expulsando do Templo; ganhando beijo de Judas – e em público. Pensando por esse lado, esse talvez tenha sido seu maior crime, afinal até hoje os conservadores se questionam: ‘como eu vou explicar pro meu filho, dois caras se beijando?’.
Enfim, se posso deixar minha opinião é: não criem ‘homões da poha’ e ‘mulheres para casar’ – eduquem seres humanos do ‘caráleo’ capazes de qualquer coisa do bem, seja fazer um casaco em tricô para um morador de rua, ou a colonização de Andrômeda.
terça-feira, 19 de junho de 2018
Casca
Periguetes: já nascem com temperatura corporal diferenciada ou desenvolvem uma casca protetora que as protegem do frio permitindo que usem micro saia e cropped mesmo quando a temperatura ultrapassa -36° pra gordínea que vos escreve?! Hoje no Bobo Repórter.
Primeiro: periguete foi só uma piada, meninas e meninos têm o direito de se vestir, ou não, da forma como quiserem. Podem ainda usar seus corpos da forma que quiserem e com quem quiserem, e não deveriam ser rotulados de nada por isso, talvez apenas de 'descoladões e descoladonas'.
Mas agora é sério, saio a noite com minhas migas e migos, e mesmo antes me tornar Balzaca eu já carregava um casaquinho, ou camadas e mais camadas de agasalho, mesmo sem a instrução de mamãe. Daí estou lá, com uma cerveja grudada a minha mão, como tecido epitelial grudado a uma superfície metálica no frio, torta, tremendo, nariz escondido em um cachecol, e vejo a mina ao lado de short e camiseta, sem nem uma meia calça ou um cardigan para proteger. Como conseguem?!
Fico pensando na preocupação das mães dessas bonitas, em casa, já preparando o chá de guaco, limão e mel para a hora que elas chegarem, com o peito cheio. Queria ter a fórmula: tenho pouca roupa de inverno, porque sou naturalmente calorenta, e acabo repetindo sempre o mesmo look - se tivesse o mesmo sistema térmico dessas minas eu poderia variar mais as vestimentas nessa época do ano.
Ocorreu-me que elas podem fingir que nao estão com frio, como eu finjo não estar 'altinha' depois de algumas cervejas, mas eu sempre dou uma 'má nota'... E elas não: cabelos hard rock jogado pro lado, blusão de macho mostrando o sutiã e short jeans, e sorrisão de orelha a orelha: sério, como pode?! Se alguém souber me conte.
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Mana, você não precisa disso!
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Reciprocidade
segunda-feira, 11 de junho de 2018
Cérebro e dentes
cura
Disseram-me que eu me curaria. Mas como me curar da própria vida, da própria história, daquilo que indiscutivelmente desenhou linhas em meu ...
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Hoje é domingo, de Páscoa. Acordo após ter ido pra cama cedo, no dia anterior. Raridade eu ir para cama, e principalmente dormir no dia...
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O que você responderia se um desconhecedor do vernáculo lhe perguntasse o significado da expressão “um cão chupando manga”? Pessoalm...
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SE VOCÊ TEM DEPRESSÃO, você não está sozinho. Em agosto de 2017 eu fui diagnosticada com depressão, após um ano tentando, sozinha, contorna...