quarta-feira, 20 de junho de 2018

Coiso de menino e coisa de menina?

“Coisa de menino é coisa de menina”   Estamos em 2018, e o “homão da porra” que a mulherada baba é loiro, alto, bonito e rico. Contudo não é disso que estamos falando ( meu último parceiro era mais baixo que eu, meio careca e gordinho; o anterior magrelo e de óculos – e os quis porque tinham alguma coisa, ainda que só a unha do pé, desse esteriótipo de homão ).                

Basicamente ele ganhou o título por fazer tudo o que uma mulher regular faz, ou se espera que faça, além de construir a própria churrasqueira e assassinar a própria comida (odiei essa parte em que ele matou o bichinho de seis meses, mas acho mais digno que pagar alguém para fazer o serviço sujo para você): ele cozinha, cuida da esposa – que também é um espetáculo de lindeza, dos filhos; faz crochet; já se vestiu de Drag Queen sem medinho de gostar, e blá blá blá. Basicamente, ele faz tudo que as gerações anteriores diziam que é errado para um homem. E é aí que quero chegar.

Machistas não terão lugar. Apesar de termos uma aberração como pré candidato a chefia do executivo federal vomitando o contrário, a sociedade informada sabe que isso não funciona mais, e vai funcionar cada vez menos. As mulheres hoje são arrimos de família, e não dependem de homem para nada, ou quase nada... uns beijinhos e uns carinhos fazem bastante bem.

Precisamos parar de ensinar a nossas crianças que existem cores de menino e de menina; atividades de menino de menina – a não ser que essas precisem da utilização do órgão genital, mas daí não é atividade para criança, certo? (Estou plagiando um texto que li há alguns anos, e não recordo a fonte).  Chorar é para menino e para menina – pelas razões certas. Se nossos filhos aprenderem que os sentimentos são melhores para fora que para dentro vamos economizar uma nota em terapia, perdoem-me meus amigos psicólogos, e antidepressivos, que se foda a indústria farmacêutica.

Quero que minha filha brinque de carrinho e solte pipa; vista as roupas que quiser, e se sinta representada na embalagem de jogos de raciocínio lógico, e kits médicos. Quero que meus sobrinhos brinquem com bonecas, cozinhas e com meninas. Que saibam que existem mulheres no Rock and Roll além do Axel Rose -  Joan Jett, Linda Perry, Doro Pesch só para começar.

Para minha felicidade vejo pais e mães cada dia mais cientes que sexualidade é algo que só deve ser tratado quando houver ‘sexualidade’, até lá a gente está tratando da formação do caráter de uma criança, que não namora, e que não faz a mínima idéia do que é amor romântico, heterossexualidade, homossexualidade e homofobia – gostaria inclusive que passassem pela vida sem precisar perder mais tempo que duas garrafas de vinho falando sobre isso.

O que mais me preocupa é que o preconceito de outrora anda solto por aí, travestido – não poderia perder a chance do trocadilho – de moral e bons costumes da família tradicional (em duas versões: Barro, Costela e População Mundial, ou Maria, Pomba, José e Jesus). E mesmo na família tradicional galera quebra paradigmas: Eva, por exemplo, era herdeira da Sonserina e falava com cobras; ela e Adão se pegaram, e deixaram os filhos se pegarem também, do contrário não teríamos uma galera tão grande nesse planeta hoje (haja períneo para parir os antepassados de mais de 7 bilhões de pessoas); Jesus vagava por aí com 12 caras, transformando água em vinho, andando com puta, trazendo os ‘parça’ do além (tenho certeza que Lázaro tava só em coma alcoólico e que meu mano Jesus deu para ele um caramelo); tocando o terror nos mercadores, e os expulsando do Templo; ganhando beijo de Judas – e em público. Pensando por esse lado, esse talvez tenha sido seu maior crime, afinal até hoje os conservadores se questionam: ‘como eu vou explicar pro meu filho, dois caras se beijando?’.

Enfim, se posso deixar minha opinião é: não criem ‘homões da poha’ e ‘mulheres para casar’ – eduquem seres humanos do ‘caráleo’ capazes de qualquer coisa do bem, seja fazer um casaco em tricô para um morador de rua, ou a colonização de Andrômeda.

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