segunda-feira, 30 de julho de 2018

Free falling

SE VOCÊ TEM DEPRESSÃO, você não está sozinho.

Em agosto de 2017 eu fui diagnosticada com depressão, após um ano tentando, sozinha, contornar os sintomas. Minha vida era perfeita: casa, cachorros, casamento, e eu não entendia de onde vinha tanta dor.

Ainda em agosto eu comecei o tratamento com medicamentos, apesar do apelo de alguns amigos para que não o fizesse - eu sempre carreguei um sorriso na cara, e fui altamente produtiva apesar de travar todas as manhãs - durante os dias mais sombrios - uma batalha para sair da cama.

Eu estava em queda livre, e as mãos que estavam mais próximas se retiraram quando eu tentei segurá-las no meu primeiro ataque de pânico - único efeito colateral do medicamento. Eu chegaria rápido ao fundo do poço, com um barulho surdo, dolorido, destruidor. Mas não tinha ideia de quantas vezes o chão ainda se abriria sob meu corpo, antes mesmo que eu pudesse me manter em pé.

Durante meses eu desejei não acordar, que o elevador caísse, que um carro perdesse o controle e me encontrasse desatenta em uma calçada qualquer. Durante outros meses eu olhei pela janela do escritório onde eu trabalho, no sétimo andar, e pensei em voar pra felicidade que eu então perdera. Olhava para os ônibus articulados, virando depressa as esquinas das avenidas de perto do escritório, e só pensava nas rodas, e no quanto eu queria que a roda da minha vida parasse de girar.

Eu busquei ajuda, medicamentos, terapia, yoga, atividade física, aula de violão. Cachorros lambendo minhas lágrimas. Mas aquela guerra parecia perdida. Eu fracassava diariamente: me diziam que eu tinha que ficar bem. Que meus problemas não eram maiores que os de ninguém. É claro que eu sabia disso, mas não conseguia ficar bem, e essa incapacidade só me deixava pior. Eu me arrastava. Bebia muito. Chorava mais.

Mas um dia, em que não me lembro qual, eu sorri de novo. Eu olhei para o sol e senti o seu calor . Eu saí de casa não porque precisava, não por medo de acabar com minha vida enquanto estivesse sozinha, mas porque eu quis ir lá fora e tentar ser feliz de novo.

Tive alta da terapia, mas continuo com os medicamentos. Tenho esperança de em breve poder me livrar deles também - e é disso que precisamos. Nos livrar de tudo que nos nubla, nos puxa para baixo, nos isola. Estou descobrindo as músicas que gosto, que não tem nada de errado com meu corpo. Que eu só devo ficar ao lado de quem sente prazer e sorri com minha presença. As mãos que se retiraram, acompanharam pés que já não estavam seguindo minha estrada. Mas tantas outras mãos se juntaram para me erguer, me empurrar, me acarinhar, e me dar suaves tapinhas nas costas. Até bater palmas...

Descobri que não me interessam portas trancadas, ou semiabertas. Prefiro-as escancaradas, mostrando interiores tão desorganizados quanto minha casa, minhas finanças e minhas ideias. Quero uma bagunça linda, emaranhada, nítida. Quero bondade plena, e se for para ser mau, que seja, mas que seja sincero e direto, sem disfarces e delongas, para poupar-me tempo e energia.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Femi... O quê?!

'Eu sou super feminista', digo, e a mulherada ao meu redor, no bar onde assisto aos jogos da Copa, me olha atordoada, como se eu tivesse dito 'sou super nazista'.

A seguir uma lindinha, mesmo, de dezoito anos diz que não é feminista, enquanto, como eu, está na rua, ingerindo bebida alcoólica, com as pernas de fora, dando sua opinião e sem a 'supervisão' de seu macho-alfa.

Eu tento argumentar, mas aquele não parece o melhor momento, e meus argumentos têm pouca experiência: não costumo ter que explicar para as pessoas o que é ser feminista, os porquês de se ser feminista, e toda a história que nos trouxe até aqui. Além disso, a ingestão de bebida alcoólica sem a supervisão de seu macho-alfa pode 'comprometer' sua capacidade de raciocínio, como acontece com qualquer ser que consome substâncias que alteram suas faculdades mentais: mulher, homem, cachorro, macaco ou guaxinim.

Enfim, apesar de ter nascido no seio de uma tradicional família mineira, com mãe em tempo integral, que fez a árdua escolha de abrir mão de suas andanças pra cuidar de mim e meus irmãos, eu fui instruída a estudar, e a não depender de ninguém. Eu fui instruída a ser o melhor que eu pudesse, em qualquer coisa que eu fizesse.

Eu tive uma avó que sobreviveu a fome, a um casamento ... 'conturbado', a dezenove partos. E outra que teve dez filhos, dentre os quais um casal de gêmeos, nascidos meses após ela ter se tornado viúva, aos 39 anos.

As mulheres de minha família, quase todas, casaram-se e tiveram filhos, deixaram a educação de lado, mas me provaram sua fortaleza. Mostraram-me como podemos ser fortes e como não somos em nada inferiores aos homens.

Sim, eu sou feminista, e provavelmente você também é. Responda: você acredita que as mulheres sejam inferiores aos homens?! Se sua resposta é 'não', pronto, tá aí mais uma transgressora da ordem 'natural' das coisas. Se sua resposta é sim, eu não entendo, mas gostaria de conversar com você e entender seu ponto de vista.

Naturalmente homens são mais fortes - muscularmente - e mais agressivos, ponto. Durante um tempo de nossa história foram responsáveis pela caça e a segurança. Mas hoje temos Krav Maga, sprays de pimenta, e comida congelada. Temos 'maridos de aluguel' para cuidar dos pontos elétricos, que não vão demorar seis meses para serem consertados.

Eu moro sozinha. Tenho dois empregos. Por quê deveria ter alguém que me dissesse o que vestir? Onde ir? Se meu corte de cabelo é adequado? Ou se estou falando demais? Eu pago as minhas contas. E dou conta de tudo que me proponho a fazer. Então por quê deveria me sentir inferior a quem quer que seja: homem ou mulher? Meu corpo é capaz de proteger e nutrir um outro ser humano - por nove meses dentro, e por toda uma vida fora. Eu trabalho cerca de doze horas por dia, e consigo chegar em casa e dar amor para meus filhos caninos como se tivesse acabado de acordar.

Eu não me acho superior a ninguém, nem inferior, tão pouco devo pedir desculpas por seguir meu caminho sem saber onde estou indo, só por ser mulher. Não devemos pedir desculpas por termos menos pêlos corporais, por termos dois cromossomos 'x', por termos filhos e ficarmos afastadas de nossas funções por seis meses para cuidar deles (Ps. A mulher que trabalha na sua empresa, e está afastada por licença maternidade não engravidou com o vibrador dela. Posso garantir que tinha um macho com ela no momento da concepção. E esse macho, que talvez sequer assuma o filho, continua ganhando mais que essa mulher no mercado de trabalho).

Sim, eu sou feminista: por todas as mulheres que vieram antes de mim, e me provaram que eu posso ser quem eu quiser - inclusive 'bela, recatada e do lar'. Sou feminista pelas que virão depois, e que não precisarão, tenho fé nisso, explicar que ser feminista não é ser mais... E sim igual!

terça-feira, 17 de julho de 2018

O que você tem na cabeça?!

Cabelos! Servem para proteção, a biologia já dizia: funcionam como isolamento térmico, retendo suor e dificultando a perda de calor pro ambiente.

Além disso, dizem por aí que são tipo a cauda do pavão, ou uma calda de chocolate no bolo de cenoura, para que fiquem ainda mais atraentes. Sério, acredita-se que cabelos estejam ligados a apreciação estética, e consequentemente, a escolha do parceiro.

Especulações a parte, não sei de fato porque temos cabelo, mas temos, e hoje eles são parte de nossa identidade, falam de nossa herança cultural, de nossas lutas, e até denunciam nossas orientações religiosas - pensem nos seguidores do Santo Daime, nos Hare Krishna, e Rastafari. Cabelo hoje é comunicação, sem deixar de ser proteção.

Eu me coloco no mundo através dos meus cabelos, e só agora percebi isso. Já os tive longos, castanhos, pretos, vermelhos, loiros, curtos, repicados, raspados, assimétricos. E quando o bichinho da necessidade da mudança e da inquietude me picam, esse é o primeiro sintoma.

Fiquei meses sem cortar os cabelos, daí cheguei no salão e disse: não sei o que quero, mas quero que você faça. Saí de lá com um cabelo super repicado, com máquina um passada nas duas laterais - e me sentindo linda. Melhor ainda , com a certeza de que meu companheiro pela primeira vez não iria criticar meu corte: afinal, ele se foi, parou de reclamar de meus cabelos, tatuagens, das minhas paixões e tesões.

E eu fiquei com meus cortes de cabelo, e muito feliz dentro da minha pele que está, obviamente mais bonita. Comentei no espaço onde cortara o cabelo sobre o a preocupação das meninas com suas perucas, que devem estar sempre brilhantes, limpas e longas. Afinal, macho gosta de cabelo grande. Então a bonita da cabeleireira disse: cabelo é radar de embuste, mana! Se o cara não curte o seu, e começa a encher coloque ele pra correr.

Final feliz. Quem mais tinha que curtir meu corte, simplesmente amou: eu! E o espelho refletiu uma mulher com a auto estima lá no alto, e percebi que nossos cabelos são realmente 'outdoors' dizendo: eu estou pouco me f..dendo para sua opinião acerca de meu visual. Eu sou isso aí, num gostou vaza!

Minha amiga, semanas depois também foi picada pelo mosquito da mudança. O boy lixo não curtiu... E ainda a acusou de ter sido contaminada, com a doença da mudança, pela amiga puta dela!

Final feliz parte 2: eles terminaram e ela votou a sorrir! Acaba que cabelo realmente nos protege de assombração, e nos ajuda achar o parceiro 'certo', ou pelo menos a não reproduzir com os errados. Desconfie de cara de quem critica seus cabelos vermelhos, volumosos, desgrenhados ou inexistentes: em toda e  qualquer parte do seu corpo.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

A fila anda, mas a roda...


A fila anda, e não há nada de errado com isso. Mas essa expressão soa-me formal demais. Filas remetem a esperas, que nem sempre são compensadoras: fila aguardando um atendimento médico que pode nunca chegar. Filas esperando um serviço público que, se for prestado, é feito na maioria das vezes com muita má vontade.

Filas de banheiros químicos imundos no carnaval. Filas de carro para passar no pedágio. Filas de emprego, cheias de pessoas desesperadas que muitas vezes aceitam qualquer coisa. Às vezes estamos na fila e nem sabemos se é a fila certa, não vislumbramos o que está lá na frente. Fila exige paciência. Fila carrega a idéia de que uma ordem deve ser obedecida, ou o barraco está armado, mesmo se a vez for do prioritário.

Enfim, fila é chato – tanto para quem aguarda, quanto para quem está do outro lado: seja o bancário, o atendente do pedágio, o banheiro químico, ou a pessoa que recolhe seu ingresso no show do Roger Waters. Claro que a espera pode compensar, mas a gente não precisa se organizar em filas.

Portanto proponho a idéia de Roda de Capoeira. A roda não anda, ela gira, como os planetas em torno no sol, como a moça que dança sozinha na sala de estar. A Távola do rei Arthur era redonda. A roda não tem fim. E como já dizia Chico Buarque “Roda mundo, roda-gigante. Roda moinho, roda pião. O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração.” Rodas são muito mais legais.

A gente brinca de roda desde criança. Há rodas de viola, de samba, roda do vestido da mulata, roda de liga leve. Quando uma idéia é brilhante a comparamos a ‘invenção da roda’. Mas a roda de capoeira é muito mais legal.  A capoeira é a cara de nossa cultura, e tem como elementos respeito, malícia, responsabilidade, provocação, liberdade, desafio, brincadeira, energia, ancestralidade e muito mais.

“A roda é um palco metafórico da vida dos capoeiristas” (http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/tecap/article/view/10180/7953) – bonito isso, né? E a  roda meio que dá equidade aos participantes. Tem música, movimento, berimbau, dreads, homem e mulher...

Portanto, não falemos mais de filas quando pensarmos em nossa vida afetiva – a não ser que a sua seja chata assim. Na sua roda você pode colocar quantos participantes quiser, excluir algum se ele não estiver se comportando em concordância com seu grupo. Pode chamar para a ginga quem você quiser, na hora que quiser e pode repetir. Se o jogo com não estiver legal, olhe em torno e chame outro, ou outra para o centro da roda com você – ela é sua roda. Escute a música dos berimbaus, das palmas e dos tambores e pulse com eles. Respeite seu corpo, e seus limites.

E se quiser, não chame ninguém para o centro. Esse espaço é seu, é a sua roda de capoeira. É a roda de sua vida, faça-a girar em seu ritmo, em torno de si, mas sem perder, jamais, o respeito por quem a está dividindo com você.

Ps. Se você chama o boy da roda pro centro e ele fica fazendo joguinho, não se estresse, e gingue com outro!

domingo, 1 de julho de 2018

Eu não sou a pessoa certa pra você

Seu Pereira e Coletivo 401 profetizaram que 'eu não sou boa influência pra você'. Sou errada demais para ser a pessoa certa. Principalmente para quem procura certezas.

A única certeza que posso oferecer é minha intensidade, minha entrega e paixão. Minha verdade. Não serei a companheira que segue logo atrás, estarei ao seu lado, pendurada, apaixonada, em seu pescoço, mordiscando sua orelha.

Não estarei sentada te observando progredir, estarei dançando por suas vitórias, mesmo se não tiver música.


Meus cabelos jamais estarão na moda, penteados, impecáveis... Eles são o espelho de minha alma, errados, estranhos, inadequados e quase tão imprevisíveis e inconstantes quanto eu.

E eu tenho vontade de pedir desculpas por não ser a pessoa certa, mas não consigo - porque não me interessa estar certa, me interessa ser amor. Amor pela música que toca no rádio, e que eu acompanho aos berros sem me importar com o ocupante do carro ao lado. Amor pelo cachorro fedido da rua. Amor pelas comidas gostosas que vou encontrar por aí.

Ele sempre me disse que eu amava tudo... Ele estava certo. Ele era sempre certo, e eu errada. Ele foi seguir sua vida perfeita, e hoje eu sigo sem rumo, errada como sempre fui: 'eu não faço planos, traço versos'.

Procuro seres errantes como eu, para admirar o pôr do sol, fazer carinho em cachorro, rolar na cama até perder as forças, sonhar sem se preocupar se vai dar certo. Assumir que sou errada foi a coisa mais certa que fiz.

Eu falo palavrão. Eu demonstro carinho. Eu me apaixono. Eu choro em público. Eu fico bêbada. Eu gosto de experiências novas. Sexo é muito bom. Eu adoro me aventurar na cozinha, e às vezes tenho que jogar tudo fora. Eu gasto dinheiro com bobagens. Eu canto desafinada no chuveiro. Eu fico horas perdida em pensamentos abstratos. Eu sou impaciente. Sou preguiçosa. Não ligo se tem poeira na mobília. Dirijo bêbada. Eu me apaixono no primeiro encontro. Mudo de ideia. Adoro surpresas. Visto preto demais. Acho mais gostoso comer que caber num manequim 36. Prefiro pouco a nada, mas gosto mesmo é de imensidões. Amo abraços e beijos longos. Posso ficar ao seu lado em silêncio, segurando sua mão ou observando você dormir, ler ou jogar. Sou falante, mas sentimentos sem palavras que os definam. Vou macular meu corpo com tatuagens e piercings, mas isso não afetará quem mora por baixo dessa pele. Eu não rezo antes de dormir, mas fecho os olhos e torço para que o mundo amanheça melhor. Que o sol aqueça os frios corações, que sejamos mais, espalhando amor é empatia. Eu não acredito em Papai Noel e em nenhum ser que não possa ver, mas sou louca o suficiente para acreditar nas pessoas, e por mais estúpido que isso possa parecer: eu vou acreditar em você. Gosto de sair sem rumo. Como pizza no café da manhã, e pelo menos uma maçã e uma banana por dia. Não acho que mulheres sejam superiores aos homens, apesar de podermos gerar, parir e nutrir um outro ser humano. Somos iguais, com pecinhas de encaixe diferente. Sou a favor do aborto, da legalização de drogas recreativas. Quero ser mãe de uma menina. Viajar sozinha é muito legal, e preciso disso. Vou querer ficar sozinha às vezes. Meu senso estético pode ser bem diferente do padrão. Não ligo pra sua conta bancária. Amo conversas inteligentes que soam como piadas. Piro em conversas sem pé e nem cabeça, que a gente ri, colando um desconexo no outro. Não quero que vc seja a pessoa certa pra mim... Quero que seja você, tão errado quanto eu.
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Eu não sou boa influência pra você
Ando distraído entre as nuvens
Coleciono botecos sombrios
Você nunca vai fugir comigo
Madrugada pra beira da praia
Dizes com quem andas
E eu digo que não és da minha laia

Eu não sou boa influência pra você
Nunca rezo antes de dormir
Sempre vou dormir depois das quatro
Você nunca vai sair comigo
Pelas tardes pra almoçar pastéis de vento
Eu não faço planos, traço versos
Me apresso em passos lentos

Não vou ser eu
Quem vai mudar teu jeito de tentar viver
Tão certinha, direitinha
Sem defeitos
Não vou ser eu
Quem vai fazer você descer do salto
Pra te olhar do alto
Em pernas-de-pau de palhaço
Me ergo

Eu não sou boa influência pra você
Ando distraído entre as nuvens
Coleciono botecos sombrios
Você nunca vai fugir comigo
Madrugada pra beira da praia
Dizes com quem andas
E eu digo que não és da minha laia

Eu não sou boa influência pra você
Nunca rezo antes de dormir
Sempre vou dormir depois das quatro
Você nunca vai sair comigo
Pelas tardes pra almoçar pastéis de vento
Eu não faço planos, traço versos
Me apresso em passos lentos

Não vou ser eu
Quem vai mudar teu jeito de tentar viver
Tão certinha, direitinha
Sem defeitos
Não vou ser eu
Quem vai fazer você descer do salto
Pra te olhar do alto
Em pernas-de-pau de palhaço
Me ergo

Eu não sou boa influência pra você
Eu não sou boa influência pra você
Eu não sou boa influência pra você
Eu não sou boa influência pra você
Eu não sou boa influência pra você

Seu Pereira e Coletivo 401 - Eu Não Sou Boa Influência Pra Você

cura

Disseram-me que eu me curaria. Mas como me curar da própria vida, da própria história, daquilo que indiscutivelmente desenhou linhas em meu ...