quinta-feira, 16 de maio de 2019

Matemática simplificada

A vida é como um problema matemático do segundo ano do ensino fundamental: se Maria tem 33.945 dias para viver, e já usou 10.950, com quantos dias ela ficou para, ainda, aproveitar?

Cada dia sobrevivido é uma dia a menos de novas possibilidades. Não tem retorno, reuso, ou reciclagem. Foi. A vida é terminal, como uma doença incurável grave - podemos até não ter uma morte anunciada para o próximo quadrimestre, mas ela certamente está mais próxima hoje do que na semana passada.

Não sou Maria, não sei quantos dias tenho, e pouco me importa quantos já usei - afinal eu joguei fora alguns dias inteiros, sem saber o que fazia; às vezes a gente acha que vai gastar umas 8 horas, mas depois de cinco minutos, mal gastos, a gente volta pra casa - vai gastar semanas pensando no que aconteceu. Enfim, o que está feito, é irreparável, mas não quero, e não vou, desperdiçar os momento que me restam de minha vida terminal.

E foi assim, com essa certeza, que comecei a sorrir em plena segunda-feira; a trabalhar mais com o que amo, e a gostar do meu emprego. Aprendi a gastar meu tempo, e sua gêmea promíscua - o dinheiro (isso mesmo, sem gênero definido) - apenas com prazeres aparentemente garantidos: comida boa, preparada por mim, com ingredientes escolhidos para agradar meu paladar, meus valores morais, e meu senso político; vinho seco e bom; cerveja puro malte; cachorros fedidos, vadios e semi selvagens. Viagens.

Uso meu tempo para aprender, ler, me informar. Para cuidar do meu próprio corpo, sem demandá-lo demais. E principalmente, aprendi a escolher bem com quem dividir as maçãs, os chocolates, os dias, as risadas e a cama.

Maria, a problemática da matemática infantil, não dá seus pertences assim, para qualquer um. Nem eu. Melhores amigas não falham nunca, com elas os problemas matemáticos desaparecem e os minutos parecem se multiplicar. A gente soma comida, vinho, vídeo besta da internet, divide, copo, cigarro e até os boy (alguns). No rolê, cada uma leva um pratinho, e quando vê, já virou festa - com direito a dançar descalças na cozinha, e o que mais tivermos vontade.

E o que dizer sobre pessoa que habita minha pele? Só me leva pra onde eu quero ir; me dá os melhores presentes; faz sempre os melhores pratos vegetarianos, sem perguntar 'nem peixe?'. Sabe que gosto de dormir em diferentes lados da cama, e nunca me critica por isso, mesmo quanto estou com os pés na cabeceira, e a cabeça em um ângulo oposto aos pés. Ela me compra blusinhas; me dá consolo, carinho, lanches e vinho quando preciso, e sabe permanecer em completo silêncio quando é necessário.

Estou gastando os dias que tenho de forma a não ter que responder ao problema matemático, afinal gosto é da poesia que se gruda nas letras da canção. Gosto é de gozo, e para que ele exista preciso ocupar minha mente com prazeres reais. É claro que ainda quebro a cara: vou a baladas que não me abalam; dou moral a gente que mente (mas afinal, como saber?). Contudo, já diziam nossas avós, não se pode fazer um omelete sem quebrar os ovos. Quebro-os, uso-os. Choco-os, os atiro contra 'pessoas' como forma de protesto - mas só quando quando a conta fecha.

Eu não perco tempo fazendo planos: realizo. Eu não preciso traçar metas, a tenho clara: viver antes de morrer. Por isso, não tome de Maria, de Nubia, de João ou de Tereza seus caros dias. Chegue na hora, venha ligeiro, e parta tão logo sentir vontade. A vida não espera, ela toma, impiedosa.

Vem somar seu riso com o meu, sua piada ruim ao meu repertório, vem descobrir que no fim das contas quem soma, multiplica, e que quem divide com quem é do bem, se espalha e espalha amor. E esse amor, mesmo quando Maria não tiver mais dias, permanecerá, investido, lucrativo, saudoso, por todos os lados onde ela se repartiu.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Garras carmim

E de repente, enquanto você caminha na trilha rumo a cachoeira, aquela tranquila, bem na entrada do parque, com área de camping e banheiro perto, você se depara com uma jaguatirica. Cê faz o quê, irmão? Eu me borraria toda. Pronto, falei. Essa seria a primeira reação do meu corpo, impensada, extintiva, primitiva.

Talvez ficasse paralisada pelo medo, com a esperança de que meu odor afugentasse a fera; ou que ela não me percebesse. Enfim, apesar de uma entusiasta da vida animal não humana, eu não me vejo tentando me aproximar de um animal selvagem - engoliria junto com o berro meu respeito e admiração enormes.

Gostaria sim de poder tocá-los; admirá-los de perto; reaprender um pouco do que esquecemos desde que silenciamos essa natureza da qual somos parte, e viemos viver nessa selva de pedras: de manadas corporativas e competitivas; de comida fácil, e pouco tempo pra se espreguiçar, e tirar um cochilo após o almoço.

A vida selvagem causa nos animais humanos reações diversas e até adversas: tem a galera que não quer nem saber - ignora existência da fauna - o que não deixa de ser bom, porque a apatia permite que as feras vivam em paz, em seu habitat. Labendo suas crias e rugindo para a lua.

Tem a galera que gosta de ver, que acha bonito - mas longe, na TV, nos filmes e documentários... As feras devem existir, mas bem longe, obrigada. É num cenário menos amistoso, que estão aqueles que querem caçar. Perseguem, trucidam, reduzem as belas criaturas a troféus a serem expostos em suas ricas salas. Drenam-lhes toda a vida, o viço; arrancam-lhes a pele, o marfim e tudo o mais que puderem. Não entendo o porquê: se é ciúme, inveja mesmo de tanta beleza a não lhe pertencer, ou se a necessidade de se sentir no topo da cadeia - ainda que apenas a alimentar, e olhe lá.

Há também um outro grupo, aparentemente menos perigoso, mas não se engane: eles não matam onças, lobos e jaguatiricas. Não arrancam os dentes dos elefantes; não assassinam gorilas; nem abatem baleias para bizuntar-se em seu óleo... Não. Eles lhes tomam a liberdade. Aproveitam-se da tenra idade desses seres, ainda crédulos, inocentes... ou lhes resgatam quando estão doentes, machucados e vulneráveis. Tratam lobos como cães, ensinam-lhes a mamar em suas mãos. Tratam leoas como belas gatinhas manhosas, comprando-lhes laços, fazendo-as ronronar com chamegos, e caixas que parecem cabê-las.

Elas desaprendem a ser quem são, esquecem seu extinto; perdem-se. Aos poucos, a baleia que nadava soberana pelos mares se entristece, tem sua alma livre atrofiada - morre, se não em corpo, pelo menos em essência. A águia, antes veloz e caçadora já desconhece suas asas, cortadas e curvadas - arrancaram-lhe quase tudo.

Poucos são aqueles que sabem apreciar um animal selvagem em seu esplendor: sua fome, selvageria e beleza. Seu andar arisco e curiosidade comedida. Poucos são aqueles que veem um pássaro delicado sem querer aprisioná-lo. Mal sabem que o canto é mais bonito quando é de alegria, de liberdade. Não percebem que o pouso de confiança é melhor do que o claustro. Poucos são aqueles que querem conquistar a confiança de uma bela fera. O risco é alto e as garantias? Bem poucas.

Entretanto, imagine-se ao lado de uma magnífica girafa, ambos a caminhar confiantes pela savana. Imagine uma sagaz coruja a visitar-lhe diariamente, e a comer em sua mão, não porque precise, mas porque confia em ti o suficiente para fazê-lo.

Selvagens como feras, somos muitas por aí - ignoradas, temidas, difamadas, caçadas, condenadas - onças que se espremem em caixas, para caber em um lugar que não é nosso. Somos silenciadas; temos nossas asas arrancadas; e, infelizmente, não é rara nossa extinção definitiva. Troféu, ou carcaça abandonada para adubar o solo.

Mas você, que tem um espírito aventureiro se debatendo dentro de ti, anote aí, nobre rapaz: é preciso coragem para amar uma mulher selvagem. É preciso um gosto um tanto exótico, e uma força animalesca - mas é uma dádiva mundana, concedida a poucos, que vale ser apreciada.

domingo, 5 de maio de 2019

Suas lições

Não, as coisas não acontecem por uma razão celestial. É a gente, que teima em seguir e ser feliz que consegue encontrar um lado bom em tudo. Somos nós que ao ganhar uma tonelada de limão da vida resolvemos fazer com ele limonada, mousse e caipirinha. A gente toma limão com água em jejum; usa como produto de limpeza; substitui o 'engov' e o boldo por limão; vende; dá para os amigos.

Somos nós, seres adaptáveis que pegamos as pequenas e grandes tragédias de nossa vida e tentamos aprender com elas; nesse caso aqui tá claro que foi a galinha que criou o ovo, digo problema. O B.O. veio primeiro, e a gente resolveu fazer um omelete com ele.

O problema, quase sempre estava lá, a gente que pegou o problema, alimentou, deu água, vacina. Era para ser só um lar temporário, mas a gente se apega. Se apega ao trabalho que não dá prazer; a alimentação rápida e pouco saudável; ao cigarro nos fins de semana; ao relacionamento merda.

Daí quando a gente assusta, tem 39 cachorros e 58 gatos no quintal, para ajudar a superar o fardo de acordar cedo para ir para o trabalho que paga mal, te emburrece, e te dá vontade de perder o réu primário sem pestanejar. Quando você cai em si, já não consegue levantar, tamanho o peso do seu pânceps, que tinha forma de 'pãozinho sovado' e agora é uma panhoca tamanho família feita pra comemorar o aniversário de 85 anos da padaria da cidade. Quando você percebe sua saúde foi-se como a fumaça que sai da sua boca, depois de enegrecer seus pulmões, e calar sua voz, antes tão afinada.

Quando você vê, o amor que veio te fazer uma visita se instalou por anos, bebeu e comeu de sua energia vital, te deprimiu; te traiu; te agrediu e te deixou pra traz, pra morrer sozinha e lentamente. Mas a gente? A gente chora deitado na merda durante um tempo, e quando cansa - não costuma demorar muito não - a gente pega uma pá, um carrinho de mão, junta a merda e vai fazer um jardim. Enquanto a gente cuida da terra, deixando-a fofa, adubada com o legado de nossos erros, a gente vai pensando. Olhamos pra trás e percebemos que desde o início o alerta se acendeu. Não era só o cigarro que carregava no rótulo a mensagem de 'cuidado, isso vai acabar com você'. Só que a gente, assim como com o cigarro, resolve ignorar os sinais, e achar que a gente vai ser a exceção. Num vai não.

Então, quando a vida cobra, a gente se conforta dizendo: tudo tem uma razão de ser! Eu precisava aprender, e a vida encontrou uma forma de me ensinar. Não, meu irmão. A vida já tinha te ensinado, mas você, assim como eu, foi pra prova sem estudar, sem dar importância as notas, aos 'pés de página'. A gente insiste no erro até que o erro quase nos afoga - mas como a gente é teimoso, dá um jeito de boiar e chegar até praia. Infelizmente tem gente que não aprende, se afunda, e morre com o erro. A gente não.

Pessoalmente me sinto uma boa aprendiz, às vezes lenta, mas cada coisa ao seu tempo. Eu sigo errando, errante, porque insisto em não ficar no mesmo lugar. Teimo, faço do meu jeito, às vezes acerto, às vezes erro; engulo o orgulho, tento de novo, mais atenta dessa vez - aprendo. Sigo para o erro seguinte. E é assim de merda em merda que vou vivendo, vou plantando mil jardins. Alegro-me, mesmo, ao olhar pra trás e ver tantas flores, nascidas de meus erros, aprendizados de raízes profundas que ninguém, nunca mais, vai me arrancar.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Sobre como eu saí do Tinder

Sobre como eu saí do Tinder.   Verdade seja dita, eu fiquei no Tinder por muito pouco tempo, e não cheguei a sair com ninguém de lá, propriamente dito – o que não significa que não tenha me utilizado de aplicativos análogos por um bom tempo.

Divorciada, passada dos trinta, sem paciência e tempo para balada – após um mês de soluços deitada no chão da cozinha, e nos braços das amigas – me vesti de esperança e um short curto e saí com meus irmãos – ambos casados, e suas esposas. Fui a um festival de cerveja artesanal: se tudo desse errado, e a bad batesse na minha cara, era só mergulhar de cabeça num copo de 500ml de Session IPA ou qualquer outra que me lembrasse que apesar de amarga a vida pode ser boa, e relaxar.                

O festival é ótimo. Gente bonita sem ser chata; feira de adoção de cachorros; música boa e comida também. Achei aquilo legal, baixei o happn, liguei meu localizador e páh: a bateria do meu celular morreu. Acabei mergulhando em vários copos de cerveja – não porque a bad batera (aquele era um dia bom) – mas porque afinal de contas, o festival se chama Experimente, e esse acabou se transformando em um dos grandes imperativos da minha vida.

Experimentadas as cervejas, findo o festival, ou nossa permanência lá – já não me lembro, volto para casa – atravessando algumas cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. Bato em casa, deixo o celular carregando, alimento os dogs e saio novamente para a despedida de minha melhor amiga, que estava indo morar no interior. Divorciada, passada dos trinta, sem paciência e tempo para balada, com a ‘bestie’ indo embora. Devo ter contado a ela; ela deve ter feito algum barulho engraçado (a sonoplastia dela é interessante) enquanto comemorava meu retorno do mundo dos ‘sem esperança no amor’. Após um longo dia de farra – algo que todo coração partido faz, na esperança de ser feliz de novo, ou de remendar as partes quebradas com álcool – voltei para casa.                

Tinha ‘crushes’. Aquilo era novo para mim. Significa que eu tinha curtido as fotinhas de uns manos e eles tinha me curtido de volta. No primeiro dia, eu não sabia que tinha um ‘perfil’, uma pessoa por traz do cardápio - eu só via as fotinhas e com a ajuda de meus irmãos e cunhadas – ainda no festival, cliquei numas quatro ou nove. Bem, em casa, cansada, ainda bêbada resolvi lidar com as consequências da minha impulsividade e fui conversar com os ‘boy’ (no singular mesmo, porque no primeiro dia foi só um).

Eu preciso dizer que para quem estava no fundo do poço eu me comportei muito bem: falei putaria, recebi nudes, e devo até ter mandado – não lembro, preciso refrescar a memória de vocês que tinha ido a um festival de cerveja e um bar no mesmo dia. Enfim, esse crush até deu certo, saímos algumas vezes – a conversa era direta, os convites também: ‘tô sozinho em casa, vem pra cá.’    

 Por alguma razão a gente parou de sair, mas sem aquele ranço que fica de quando a pessoa te ilude, ou tenta te iludir. A gente nunca fez planos; a gente sequer tentou atar nós – e foi ótimo assim. Nos falamos até hoje, e enquanto estivermos ambos solteiros, acredito que possivelmente não resisto a um “vem aqui”, ou “tô indo aí”.                

De lá para cá tive umas poucas experiências boas, entretanto na maioria das vezes era ‘dedo no cu e gritaria’ – não no stricto senso – apesar de tentarem com frequência, né meninas? Dedo no cu e gritaria porque parece que todas as almas penadas do mundo tem perfil em sites de relacionamento.  Saí com um professor carente que não me pagou nem um café – a carência deve ser financeira também; com um doido que só marcava de sair para almoçar e se dizia um expert com a língua, mas não sabia nem beijar – não fiquei para ver o resto; um menino que parecia bem legal, mas herdava o nome do ex, era excessivamente carente, e gostava de lamber meu rosto, e meus braços (isso no primeiro encontro, enquanto estávamos no meu restaurante favorito. Nunca mais voltei lá).

Preciso abrir parênteses aqui, essas características foram apenas parte do problema, não me julguem, ou julguem. A verdade é que essas eram as características que via a época, e confabulava sempre com minhas amigas sobre meus ‘incômodos’. Elas sempre diziam, fuja, e eu fugia – afinal eu também não estava emocionalmente estável.

Perdi a conta dos encontros, e de quantas vezes saí, entrei de novo, e saí novamente dos aplicativos. A última vez que baixei os fatídicos aplicativos foi num estranho 31 de dezembro – sentada a mesa da minha cozinha, com minha melhor amiga que fora morar no interior, ambas decepcionadas com nossas experiências pregressas, mais sábias e por mais louco que isso possa parecer – cheias de esperança. Eu tinha acabado de ‘tomar um pé na bunda’ de um dos caras mais loucos com quem já me relacionei, mas estava triste, me sentindo a cárie na boca do verme do cocô, do cavalo do bandido, preso na Dutra Ladeira. Pensava: como que esse cara (ESSE CARA) não quis ficar comigo? (Foi isso que pensei, julguem. É tópico para outro texto. Obrigada. De nada. Chama-se incompatibilidade).

Baixado os aplicativos; baixa a autoestima; baixada a guarda, tentei não baixar o nível. Afinal, sou uma mulher independente; inteligente e sou legal. Dei uma chance a um mané, que parecia muito legal, digo, compatível. Saímos duas vezes. Ele sumiu após cada uma delas. E sempre com o discurso de que “eu achei que você não tivesse gostado do date”... suspiros.

Foi assim, quando vi que um cardápio contém apenas informações superficiais; e que quase todo mundo que está num aplicativo de relacionamento está carente, sedento por algo, que resolvi sair. Eu estava abalada; precisando me sentir desejada, bonita. Precisava ter a esperança de que iria me relacionar de novo, renovada. Quando vi o quão desequilibradas as pessoas dali estavam, percebi que eu também era parte desse grupo: éramos um sanatório de carentes  cheios de tesão. Resolvi olhar para mim.

Resolvi me relacionar comigo. Olhar-me nos olhos. Acarinhar-me a carne. Contar-me piadas. Comprar-me livros, dos mais tolos aos mais densos. Percebi que não sou apenas divorciada, passada dos trinta, sem paciência e tempo para balada, e nem apenas uma mulher independente; inteligente e legal. Eu sou incrível. Um perfil com doze fotos e uma breve descrição não pode me definir. Não gosto de fast food. Na verdade, apesar de ter uma rotina corrida, não gosto de nada ‘fast’. Percebi o quão superficial eu me tornara para julgar as pessoas: eu tive um encontro de cerca de dez minutos, na hora do almoço, em frente ao meu trabalho.

Eu saí do Tinder, e do Happn, para nunca mais voltar – quando vi que não carecia de nada. Eu não estava mais carente. E cada vez que um ‘crush’ fazia a batida pergunta ‘o que você procura aqui?’ eu percebia que não sabia a resposta. Porque não tinha resposta. Eu simplesmente estava no lugar errado. Assim, ao perceber que lugar de peixe é na água, no oceano, e não na panela, que eu parti: sem crushes, sem matches. Nadando meus nadas e meus tudos por aí; na certeza de que se algum dia eu encontrar alguém com quem valha a pena me dividir, eu saberei, e ele também.  

cura

Disseram-me que eu me curaria. Mas como me curar da própria vida, da própria história, daquilo que indiscutivelmente desenhou linhas em meu ...