E então ela se apaixonara novamente. Ele não era lindo, alto, sarado, bem sucedido. Ela se apaixonou pela facilidade com que ele a fazia rir, parecendo querer trazer leveza para a intensidade de seu ser. Ela se apaixonou sem julgamentos, sem expectativas, apaixonou-se pelo sentimento que sentiu ao encontrá-lo. Mas o mesmo vento que o trouxe, inesperado, levou-o. Vento de tormenta, de tempestade, de destruição. Ela viu-se novamente inadequada. Por quê?! 'Você me intimida!' Era seu cabelo azul? Seu jeans rasgado? Seus 8 gatos? Seu trabalho como crítica de arte? Ou seu emprego no Tribunal? Era a cobertura onde morava? Ou o fato de ela ter terminado recentemente com sua namorada? O fato de ela não ter vergonha de seu corpo perfeitamente funcional, sedento e imperfeito? Era por quê ela sabia onde pôr as mãos enquanto o beijava? Por quê ela queria vê-lo e não se escondia disso? Ou por quê as palavras saiam de sua boca sem muito protocolo? Era o fato de ela estar disponível, mas nunca sozinha? Ele se foi, e a deixou se sentindo pequena como uma dose de tequila. Desejosa de caber em seu abraço, pensando em se reduzir, se moldar, se modificar. Ela não o intimidava, não. Ela o queria como fosse: qualidades, defeitos, manias. Era ele quem se sentia intimidado, e com relação a isso não havia nada que ela pudesse fazer: afinal, ela o queria apesar disso. Descobriu assim que ele não era, de fato, alguém por quem devesse ter se apaixonado. É preciso ser leve, mas é preciso ser forte. É preciso ser líquido: flexível, adaptável, mas profundo. 'Água mole e pedra dura tanto bate até que fura', certo?!
Mas um copo apenas não afeta a rocha. E ela permaneceu - forte, destemida, lágrimas nos olhos, esperando pela tsunami que a envolverá, sem destruí-la ou tentar reduzi-la, para que se fundam e se confundam.
quinta-feira, 28 de junho de 2018
A change is gonna come
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