domingo, 2 de setembro de 2018

Papel de Presente

Eu quero voltar a acreditar no amor. Sentir-me em boa companhia, sem ter medo do amanhã. Eu quero me demorar em abraços que me envolvem. Eu quero ser cuidada pela primeira vez na vida. Eu quero ser amada por meus defeitos.

Quero receber ligações cujo único propósito seja ouvir minha voz. Quero contar de minhas dores, e que elas não sejam vistas como meros dissabores. Quero mergulhar em sorrisos sinceros. Sim, o amor romântico quebrou-se para mim.

Não acredito que exista no planeta outro ser humano como eu: roto, romântico, disposto a ser seu e ser meu, sem nos anular, e nos rotular.

Será que existe por aí alguém que lute diariamente contra seu egoísmo? Que ame seus amigos, e que queira fazer do mundo um lugar melhor? Será que um dia, caminhando distraída, encontrarei alguém que verá que sou completa, e que quererá juntar sua completude a minha, para que lado a lado, possamos experimentar a vida, o novo, e um ao outro diariamente?

Pareço esperar demais de uma sociedade que só produz um modelo de gente: egoísta, apressada e impaciente. Eu nasci com defeito, assumo - e tento ver amor em tudo que se move, acabo esperando dos outros o que aparentemente não existe lá. Mais um defeito de fábrica: great expectations!

Acredite, o amor que aspiro difere muito do que pensam por aí: quero apenas alguém que me entenda, e admire. Alguém em quem eu consiga confiar, admirar e desejar. Não preciso disso para ser feliz. Basto-me. Mas falta-me o conforto de um coração manso, com um inquilino fixo.

No momento, eu não acredito nesse amor, mas anseio por tornar a ter fé, a esperar por ele, e por fim vivê-lo. Queira deus, em quem também desacreditei, que Papai Noel o traga de volta pra mim, envolto em um papel reciclado, esticado, mas com as marcas de tudo quanto já viveu.

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