sexta-feira, 16 de março de 2018

Estrada

Sou uma criança, não entendo nada – Erasmo Carlos


Antigamente quando eu me excedia
Ou fazia alguma coisa errada
Naturalmente minha mãe dizia:
"Ele é uma criança, não entende nada"...
Por dentro eu ri
Satisfeito e mudo
Eu era um homem
E entendia tudo…
Hoje só com meus problemas
Rezo muito, mas eu não me iludo
Sempre me dizem quando fico sério:
"Ele é um homem e entende tudo"…
Por dentro com
A alma atarantada
Sou uma criança
Não entendo nada...”

Depois das palavras do Tremendão, acho que nenhuma crônica é necessária, né? Somos Benjamim Button na vida, tirando a forma física que decai a cada dia, a única certeza que tenho é que cada dia é mais incerto.
Há 11 anos eu acabara de terminar o ensino superior, na área que eu tanto amava. Havia encontrado o Sr. Perfeito com quem eu namorava – e com quem dividi os últimos 11 anos da minha vida. Tudo parecia definido, era só seguir o curso natural da vida. Eu segui.
E os planos às vezes davam meio errado, mas lombadas fazem parte da estrada, certo? Eu sabia onde estava indo, portanto seguia meu caminho de peito aberto. 
Até que de repente uma adutora rompeu, e o chão cedeu sob meus pés. Vi-me novamente sem saber para onde ir. Aos trinta e quatro anos tenho tão poucas certezas: sei que minha mãe é o grande amor da minha vida; que amo doguchos; que tenho os melhores amigos e só. Não faço a mínima ideia de para onde estou indo. De quem sou; se estou pronta… na verdade sei que não estou pronta pra nada.
Não sei se canto ou se aprendo a pilotar uma moto e sumo de minha própria vida. Quero fugir, e nem sei para onde e por tanto não saber – deito e durmo. Aguardo um sinal cósmico que me diga que estrada percorrer agora que não preciso mais percorrer aquela que precisava ser caminhada. Segui por onde esperavam e fracassei com “F” maiúsculo. Deixarei algo para trás, é impossível trilhar mais de um caminho ao mesmo tempo, já dizia Robert Frost, autor de um dos meus poemas favoritos. E por ter tantas possibilidades sento-me impacientemente na pedra em meu caminho.
Nunca senti-me tão livre, jamais senti-me tão perdida: de mim, no mundo. Deito-me e espero a tempestade passar, com fé que as nuvens desabarão e com sua queda abrirão meus olhos… mas sei que seguirei tateando por aí – cega, perdida, estúpida… errando, errante.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

cura

Disseram-me que eu me curaria. Mas como me curar da própria vida, da própria história, daquilo que indiscutivelmente desenhou linhas em meu ...