terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Adeus 2017

Eu poderia pensar em 2017 como o ano em que perdi meu Tobias, no dia em que eu completava 33 anos, e ele 10. Contudo, vou esforçar-me para pensar nesse ano como aquele em que Melinda veio pular minhas janelas, destruir minhas calcinhas e morar em meu coração. Vou pensar em 2017 como o ano em que eu realizei o sonho (bobo) de ter um Golden Retriever, que saiu da corrente e veio destruir minhas plantas, meus vasos, minhas pernas, me deixar toda roxa com suas mordidas e me jogar no chão durante as caminhadas, e lamber minhas lágrimas toda vez que eu chorava me sentindo sozinha.
Eu posso lembrar de 2017 como o ano em que perdi meu querido Tio Luiz, mas vou tentar lembrar desse ano como o ano em que Rafael, meu sobrinho e afilhado do coração, veio morar na barriga de minha cunhada, e quem sabe não nos dê a alegria de já pesar em nossos braços.
Principalmente, eu poderia pensar em 2017 como o ano em que vi o amor, que acreditava ser eterno, se desfazer como fumaça, e me destruir... mas isso não: 2017 me trouxe a certeza de que tenho o melhor amor de todos, aquele que emana dos corações de meus grandes amigos e de minha amada família. 2017 não foi o ano que deixei de acreditar no amor, e sim quando eu o descobri em sua forma mais bonita: a mão que te levanta quando você não tem mais forças, que seca suas lágrimas e que te empurra a seguir mesmo quando, sozinho, você não quer ou não consegue.
Eu poderia pensar nesse como o ano em que fui diagnosticada com depressão, porém prefiro vê-lo com mansidão, e como o início do fim de um longo período de angústia, como o primeiro passo rumo a felicidade.
Esse foi o ano em eu comecei a fazer yoga, fui a Punta Cana, realizei o sonho antigo de ir a Machu Picchu, e o fiz sozinha, provando a mim mesma que sou forte sim.  Revi Paul McCartney, e chorei feito um bebê ouvindo Bono Vox ao vivo cantar as músicas que eu tanto amo desde sempre.
Estreitei laços, desfiz alguns que me seguravam, e me faziam infeliz, e construí novas pontes.
Conheci muita gente legal, experimentei novos sabores, permiti-me sofrer, enlouquecer e perder-me para assim encontrar-me.
2017 foi o ano em que quebrei financeiramente, mas foi o ano que me ensinou que dinheiro não é tudo, apesar de ser muito importante sim.
Quem tem bons amigos e familiares tem sempre boas razões pra sorrir, bons lugares pra ir, e quem sabe um cerveja gelada, apesar da pobreza.

Eu aprendi que chorar é importante, e que não dá pra fugir do sofrimento e fingir que nada está acontecendo, mas que apesar das amarguras, a doçura volta, o sorriso aparece quando a gente menos espera.

Desejo que esse ano chegue logo ao fim: para mim ele foi como uma disciplina na área de exatas, em que eu não entendia bem o que estava acontecendo, mas que mesmo assim, me ensinou muito, e que apesar das dificuldades e com uma "colinha" daqueles que se importam, eu consegui passar.

Não o verei com muitas saudades, entretanto lembrarei dele com gratidão por ter me permitido aprender e viver tanto.

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