segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Cachorra (não) amarela pulou a janela.

  • Quem tem cachorro, principalmente os do tipo selvagem, sabe que os dias são tão cheios de novidades quanto nossas roupas cheias de pêlos. 
    Pessoalmente venho acumulando histórias que, depois dos desfeixos, acho engraçadíssimas. Morando, sem nenhuma companhia de duas patas, com cinco cães tão descompensados quanto eu, não poderia ser diferente mesmo.
    São cercas destruídas, animais de pequeno porte assassinados,  brigas... muitas brigas, caminhas explosivas que fazem nevar em meu gramado - que é mais um matagal que um gramado, plantas destruídas quase que no instante em que são plantadas, orelhas partidas, mordidas no seio, cachorro pulando em vala e me 
    dando 'olé' no meio da rua depois de ter fugido pelo meio de minhas pernas.
    Essas são algumas das façanhas que minha cabeça ressaqueada e com sono consegue lembrar hoje, Primeiro de janeiro de 2018, após apenas 3 horas de sono.
    Dos meus cinco cães a garota problema é definitivamente Diana, um bicho estranho, gorda, com uma cabeça pequena, pernas tortas e dentes que nunca cresceram. A cabeça pequena faz com que ela não pense direito, e falta dos dentes não faz falta nenhuma: ela morde cachorro, principalmente se for fêmea, gente, também tem predileção pelo mesmo gênero, o que não a impede de experimentar outros sabores. 
    Enfim, depois de várias tentativas de assassinato precisei separá-la de Maggie, uma estopa terrier de quase oito anos e Melinda, uma border collie rebaixada que tem vento da cabeça e nas patinhas. 
    Assim, ontem ao sair de casa, para enterrar 2017, deixei Diana dentro de casa, com acesso á area de serviço e a cozinha. E Maggie, que tem pavor de fogos, ficou bem escondida e segura em um dos banheiros do segundo andar.
    Melinda, um guaxinim diabólico, ficou lá fora. Ela e Boris, um Golden Retriever legítimo, competem no quesito quem me esquenta mais a cabeça: ela é um gênio do mal, ele um retardado musculoso, um rolo compressor desmiolado.
    Voltando a divisão da cachorrada na virada do ano: Maggie no banheiro; Diana na área de serviço e cozinha; Melinda, Boris e Doritos o chefe da matilha, no quintal.
    Saí, bebi, me esqueci da vida, dormi. Acordei três horas depois lembrando dos demônios a quem chamo de cachorros, e que precisavam ser alimentados.
    Dirigi até minha casa, imaginando os cães soltos pelo condomínio, a cerca no chão. Maggie desmaiada no banheiro, após perder várias unhas tentando abrir a porta. 
    Felicidade define meu coração ao descer a rua e ver a cerca intacta. 
    Preocupação define a sensação de abrir a porta e não ver Diana me esperando na área de serviço como ela sempre faz. Os baldes estão caídos, há certamente algo errado. Eu a chamo, e ela não vem. Será que morreu por causa dos fogos?
    Alguns passos e estou na cozinha, nada. De repente ela vem da sala, para onde ela se deu acesso, e assim a todo o resto da casa, derrubando a cerca.  
    Assim que me vê, vem saudar-me agarrando-se as minhas pernas com suas garras. E de repente, logo atrás dela, viva, sem nenhuma mordida, Melinda - a quem decidi chamar de Meliante. 
    O guaxinim subiu na pia que fica do lado externo da casa, o que ela fazia antes com o auxílio das  casinhas que ela empurrava pra fazer de escada, e mais recentemente com saltos ornamentais. Abriu a janela que estava destrancada, e veio tentar cometer suicídio ao dividir a casa, livre, com a homicida sem cabeça. 
    Para minha surpresa Melinda, ops Meliante (é força do hábito) estava inteira, e também meu sofá, minhas almofadas, minhas cortinas e tapetes. Não havia cocô, nem lixo espalhados. 
    Apenas marcas de patinhas e pêlos. 
    Parece que 2018 será um ano de paz, e de janelas bem trancadas, protegidas de meliantes de quatro patas.

  • Melinda Meliante. Imagine se tivesse pernas longas.


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