Esse mar de água e sal, esse oceano de vida e afogamento, fui eu quem pranteou.
A minha tristeza é bonita e produtiva, nela choro mares, ríos, recifes, corais, e toda sorte de peixinhos.
Após tudo chorar, secam os olhos, mas, por vezes, não seca, não cessa, a tristeza.
Então sou barco sem rumo, numa maré revolta, em águas profundas.
Sou nau a deriva.
Então, minha doce tristeza é âncora. Frescor e firmeza, que me para, me pausa, me desacelera. Então, no meio da tormenta posso me lembrar de quem sou, de onde vim, pra onde vou. E respirar sabendo que não naufragarei em meu próprio mar.
A tristeza é água salgada, mas também é respiro, vertedouro.
É a tristeza salgada que me leva de um porto ao outro, é a tristeza ancorada que me permite sobreviver.
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