sábado, 10 de dezembro de 2022

estrada

Eu cai. Não sei, mas parece que passei algum tempo inconsciente. Olho ao redor e já não reconheço minha estrada. Eu tinha um plano... E era tão bonito. Eu estava no lugar certo, na hora certa. E tinha ali a pessoa certa, segurando minha mão. 
Talvez tenha sido apenas um sonho. Um delírio. Uma vontade faminta. 

E no agora, estou aqui, nessa estrada coberta de neblina, onde meus pés, por mais firme que os crave ao solo, parecem vacilantes. Mas eu sigo. 

E sinto. Tocam em meu corpo pessoas que não me deixaram, e não me deixarão cair. Sinto braços em torno de minha cintura, mãos segurando as minhas, ambas, enquanto eu tremo, e uma luz bruxuleante se mostra ali.

Já consigo ver árvores bonitas que me farão sombra. E sei que não caminho ao encontro de ninguém. 
O vento me soprou aos ouvidos que destino não é companhia, e Cia não deveria ser destino. O vento não me disse, mas finalmente entendo: talvez o destino importe pouco quando a estrada é mágica, e as cias encantadas. 

Talvez eu jamais refaça os planos, e simplesmente siga - com o vento que susurra, a chuva que lava, o sol que ilumina, e a lua com seus mistérios. Olhando, tocando em frente, sendo tocada por esses outros caminhantes curiosos. Talvez, meu destino seja simplesmente a estrada, a travessia

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