Sobre a terra, choro em silêncio, esperando o momento em que voltarei a fazer parte da natureza, alimentar outros vermes. Espere um momento! Ainda respiro. As batidas do meu coração, excruciantes e sem fé, me lembram que é preciso mais que isso para se por fim a uma vida.
É preciso mais que fraturas múltiplas, expostas. É preciso o silêncio, e a dor que sinto em cada centímetro do meu corpo, grita que não posso desistir. Estou morrendo, mas ainda é cedo demais para morrer - talvez eu já comece a me lembrar disso.
Brisas vindas de tempos em que eu também não morri.
As esperanças, essas sim morreram, e seus corpos pesados são como escombros sobre mim, mas em algum tempo, esses corpos também se vão.
E assim, verei que aquela estrada acabou, acabou em nada. Mas que apesar do choque contra o muro, eu não acabei.
Acharcada, ferida, sem fé, me erguerei - sabendo-me viva, não mais quase morta - estarei morrendo e vivendo, mas seguindo de cabeça erguida, até o dia que não sobreviverei mais.
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