terça-feira, 16 de julho de 2019

A corda acorda.

Eu dou corda para as pessoas, por que gosto de ver até onde elas têm a capacidade de chegar. Umas, para nosso alegria, chegam muito além do que esperávamos. Transformam-se, movem-se e evoluem, arrastando quem está ao seu redor consigo. Seja pelo exemplo, seja pelos cabelos. Gente do bem quer ir além, e levar todo mundo junto, para um lugar onde o mundo é de amor, de aceitação, respeito e individualidade, sem individualismo. Outras pessoas, por outro lado também chegam muito além do que esperávamos, indo mais profundo que o próprio fundo do posso. Chafurdando na lama apodrecida, se alimentando dela, e puxando para baixo quem quer que se aproxima para matar a sede. Eu dou corda - sempre. Serei alçada a novas alturas; puxada para baixo; poderá haver um duro e embativo 'cabo de guerra' ou verei a pessoa se enforcar no próprio emaranhado. Se for arrastada para um novo patamar, serei grata. A força desprendida por quem nos quer por perto é extrema. Segurar a mão do outro e puxa-lo pra cima é um ato de bravura, de amor e de força, que só quem está mais que comprometido com dias melhores pode realizar. Podem puxar-me para baixo, e como já dizia minha avó, para baixo todo santo ajuda. Mas meus pés, eles estão cravados no chão. Cientes de sua força, de minhas garras e da concretude do chão sob minha pele. Derrubar-me já não é tão fácil assim. O cabo de guerra pode ser interessante, puxa de um lado, puxa do outro. Se houver equilíbrio podemos ficar bem ali, sem o conforto que nos torna fracos. No cabo de guerra vai haver combate, mas pode haver colaboração. Há fortalecimento e a noção real de sua força e do quanto você está apto a ceder. É divertido, é intenso, é força bruta. Mas meu lado humano gosta muito de dar corda e ver o outro se perder, ou se revelar em suas teias de mentiras. Eu finjo acreditar em nomes, histórias, abstrações. Eu sorrio e me visto da boa moça que de fato eu sou: mas nem todo mundo merece o meu melhor, não é mesmo?! A esses dou a corda para que se enforquem, fantasmas vazios que sempre serão.

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