terça-feira, 7 de agosto de 2018

La bruttezza è bella

Beleza é um constructo teórico, e varia de acordo com a cultura, o período histórico, e de pessoa pra pessoa.

Mulheres gordinhas já foram consideradas padrão de beleza, cabelos curtos ou lisos já foram status, olhos são arredondados, verdes, azuis e por onde todo esse processo de julgar o que é belo começa.

Enfim, se beleza é algo tão impermanente, tão variável porque nós preocupamos tanto com o formato de nossos corpos; com as rugas que se acumulam em torno dos olhos, ou com o que os outros vão pensar de nossos parceiros sexuais?!

Outro dia numa mesa de bar, com uma amiga, meu irmão e minha cunhada, eu teci comentários de como os 'feios' deveriam ter mais espaço em nossas vidas. Eles riram de mim, e levaram a coisa ao extremo, mas meu raciocínio já tem outros adeptos.

Existe até um vídeo do Fabrício Carpinejar sobre o assunto (https://youtu.be/15whOZyfaUM). Assim, eu não sairia com alguém que me envergonhasse de andar de mãos dadas na rua, mas o que me deixaria envergonhada?! Sinceramente, em se tratando de beleza física, eu não consigo pontuar.

Existe gente feia?! Acredito que sim. Uma vez, ainda morando na casa dos meus pais, eu estava na sala de jantar, trabalhando no computador, quando de repente um prestador de serviços, acompanhado por meu pai, entra pela porta. Tenho quase certeza que aspirei mais ar do que pretendia, com um gemido, e arregalei os olhos. Primeiramente porque não estava esperando ninguém adentrar ao recinto, mas o caboclo era super baixinho, usava óculos que não ocultavam sua vesguice, tinha dentes pequenos, mas que ainda assim lhe saltavam da boca. Contudo, me assustou.

Mas porque fugimos dos calvos, dos baixinhos ou altos demais, dos gorduchinhos ou dos 'tripa seca', dos branquelos em demasia, dos dentes grandes ou dos mini dentes? Pouca barba, muita barba? Cabelo crespo ou oleoso? Olhos pequenos ou saltados? Tem tanta gente assim, andando por aí. Tudo pode ser um problema.

Eu por exemplo, me julgo visualmente palatável, ainda assim, sei que não agrado a todos os gostos. Seria porque meu peso varia entre 60 e 70 quilos distribuídos em 1,67 metros de altura? Por causa de minha testa grande? Meu queixo marcado? Meus ombros largos? Minha panceta de bebedoura de cerveja? Minhas tatuagens? Meu cabelo punk? Não me interessa, mesmo.

Não nasci para agradar o senso de estética de ninguém (https://youtu.be/83BMiGieYfc), e confesso que às vezes não agrado nem ao meu próprio. Mas convivo, muito bem obrigada, mesmo sem caber em padrões de beleza e num manequim 36.

Como bem argumentado em ambos os vídeos: todo mundo vai ficar feio (e cheio de rugas) um dia, o feio tem a vantagem de ter mais experiência com isso. Ele (a) vai tentar compensar a falta de atributos físicos com inteligência, sexo bom, carinhos e afins. Não vai te trair facilmente. Tende a aceitar bem seus 'defeitinhos'.

Ser feio não é uma escolha, mas amar um feio e ser amado por ele pode ser. Pessoalmente nunca me envolvi a longo prazo com alguém lindo. Foram todos caras fora do padrão, que, aos poucos, eu passei a achar 'maravilhosos', mesmo com todos os defeitos que apresentavam, e não estou falando da 'lataria' aqui.

Portanto meninos e meninas, mas vale um docinho 'mal' enrolado nas mãos, que um brigadeiro gourmet feito de caquinha de pavão - um bicho glamouroso, por sinal.

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