terça-feira, 23 de junho de 2020

Um dia a gente acaba por entender que os melhores e mais felizes momentos de nossa existência nada têm a ver com holofotes, vestidos de gala, festas suntuosas e plateias.

Eles não são postos em exibição - são vividos em contemplação silenciosa; não podem ser capturados, nem tão pouco revividos, mas tem cheiro, gosto, toque e a voz da saudade - por hora deixam bilhetes que ficam por eras esquecidos.

Meus mais felizes momentos costumam ser firmemente costurados por xícaras de café, bolinhas roídas, pôr do sol, abraços, latidos e pêlos e mordidas, panela no fogo, copos lagoinha, camas (macias ou não), estradas, risadas pelo nariz, e eu já disse abraços?

Os retratos (sim, porque gostaria de poder retratar minha alegria) seriam, certamente, um desastre, se alguém por acidente lembrasse de tirá-los, ou por vezes até impróprios ao público, porque  - me repito - o mais precioso não fica exposto na vitrine, guardamo-lo no canto mais caloroso e protegido da forja de nosso coração - é simples. 

... e hoje, teve cheiro de tangerina, gosto de bergamota, alma de menina mexeriqueira.  

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